terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Giovanni Pontiero, tradutor saramaguiano!



"Recordo como se fosse ontem o dia em que nos conhecemos, em Lisboa, num restaurante à beira do Tejo, com gaivotas voando por cima das nossas cabeças, quando foi propor-me ser meu tradutor para a língua inglesa"

SARAMAGO, José. Cadernos de Lanzarote II. Editora Companhia das Letras, 1999 - p 321.






Apesar do nome, meio italiano aos tímpanos, Giovanni Pontiero era escocês, e por amor ao processo de escritura do português José Saramago, tornou-se tradutor deste em língua inglesa, desde o Memorial do convento ao Ensaio sobre a cegueira, num trabalho cuja relevância fora reconhecido, ao receber o Prêmio Teixeira-Gomes em traduzir a obra O Evangelho Segundo Jesus Cristo.






Segundo Saramago, havia entre autor e tradutor, uma profunda relação de trabalho e amizade, que chegou a durar dez anos: "Esta foi a nossa relação até ao Ensaio sobre a Cegueira, traduzido (heroicamente, sim, heroicamente, a palavra não é excessiva) quando a última escuridão já se aproximava de Giovanni Pontiero".






Para Saramago, conforme palavras escritas em Cadernos de Lanzarote II, "Esclarecendo o tradutor, o autor esclarecia-se a si mesmo no acto de reexaminar um texto que até aí lhe tinha parecido claro, mas que havia sido tornado opaco pela leitura feita de um ponto de vista, do horizonte de uma cultura diferente".






Ao escrever a Juan Sager, em referência ao trabalho, a amizade e memória de Giovanni Pontiero, o escritor português pontou que "O diálogo entre o autor e o tradutor, na relação entre o texto que é e o texto a ser, não é apenas um diálogo entre duas entidades individuais que hão-de completar-se, é sobretudo u encontro entre duas culturas colectivas que devem reconhecer-se".






Nenhum comentário:

Postar um comentário